Aos poucos, os ônibus elétricos ganham as ruas das cidades brasileiras,
especialmente nos grandes centros. Em julho deste ano, o governador do Distrito
Federal, Agnelo Queiroz, anunciou que seriam feitos testes na região com um
ônibus elétrico chinês - que chegaria ao Brasil em outubro, segundo a TCB,
empresa pública de transportes de Brasília - e que modelos similares serão
utilizados durante a Copa de 2014, quando já deverá estar instalada uma fabrica do veículo no DF.
Outros ônibus elétricos também já circulam no Rio de Janeiro, onde a
brasileira Tracel, em parceria com a COOPE-UFRJ, desenvolveu um protótipo de
ônibus híbrido movido a hidrogênio, e em São Paulo, através da Eletra. Mesmo
sem fazer previsões exatas, especialistas da área acreditam que os coletivos
que investem em energia limpa devem se tornar cada vez mais comuns no país.
Com 12 anos de experiência no setor de transportes, a Eletra é
responsável por desenvolver ônibus elétricos de três tipos: trolebus, híbridos
e elétricos puros. Enquanto os primeiros, que já são cerca de 300 em São Paulo
e no ABC Paulista, precisam de uma rede de subestações para alimentar seu
sistema de tração elétrica e não são poluentes, os híbridos, que já circulam em
São Paulo e no ABC paulista com 38 modelos, apesar da tecnologia similar,
apresentam emissão de poluentes, em um nivel baixo.
"O trolebus é cerca de 10 vezes mais barato do que o metrô, e em
países como o Brasil, onde a matriz energética é a hidrelétrica, ele tem zero
emissão, e é bastante silencioso. Já o nosso híbrido tem emissão de poluição,
gerando energia a bordo, através de um gerador, queimando diesel ou álcool para
fazer o veículo andar, o que dispensa a rede elétrica necessária ao trolebus,
mesmo sendo vinte por cento mais caro que o primeiro", compara o gerente
de engenharia da Eletra, Paulino Hiratsuka.
Elétrico puro usa apenas uma bateria
Ainda em fase experimental,
o terceiro tipo de ônibus elétrico desenvolvido pela empresa, o elétrico puro,
tem como grande diferencial o uso apenas de uma bateria, fabricada de acordo
com a necessidade do veículo. "Como não tem autonomia para rodar o dia
todo, o elétrico puro precisa de pontos de recarga ao longo do seu trajeto,
demandando três horas para recarregar o suficiente para rodar 150 quilômetros.
O custo dele é mais alto em relação ao híbrido e ao trolebus, mas esse valor
depende muito do tipo de autonomia e bateria utilizadas, e como essa tecnologia
não tem demanda comercial ainda, ela é relativamente cara ainda", explica Hiratsuka.
Diferentemente do ônibus híbrido desenvolvido pela Eletra, o protótipo
feito em parceria entre a Tracel e a COPPE-UFRJ utiliza cerca de seis quilos de
hidrogênio, um combustível não poluente, para 100 quilômetros percorridos, o
que reduz a zero o nível de emissões. "O uso de um combustível limpo
garante um ganho na combustão interna, e a eficiência na gestão de energia faz
com que o sistema consiga reaproveitar boa parte da energia consumida, quando o
veículo freia. Além da eficiência, o motor elétrico é bastante resistente, e em
relação ao preço, a tendência é que acompanhe o barateamento da própria
energia, o que esperamos que aconteça durante o desenvolvimento do
projeto", destaca um dos responsáveis pelo desenvolvimento do ônibus pela Tracel, Hugo Miranda.
Apesar de não precisar um período exato para o aumento do número de
ônibus elétricos circulando no Brasil, Miranda destaca que o investimento em
tecnologias renováveis e limpas tem sido cada vez maior entre as empresas
fabricantes de ônibus. "Todas as empresas do setor no mundo estão
investindo em projetos com essas soluções, o que deve indicar o caminho a ser
seguido pelo setor no futuro", ressalta. O gerente de engenharia da Eletra
também acredita no crescimento da frota de veículos elétricos nos próximos anos,
especialmente nas grandes cidades. "Nos grandes centros, vai ser
insuportável se isso não ocorrer, e as grandes montadoras estão investindo
muito; por isso a tendência é o crescimento do número de ônibus elétricos, não
em 50% da frota, mas talvez em 10%", estima Hiratsuka.
Fonte: Fortalbus.com